ParInforme Lado a Lado: Especial Março 2024

Confira nessa edição especial: qualidade dos FLVs em fevereiro, destaques da meteorologia e o que esperar do clima em março, sazonalidade, cuidados pós-colheita e uma reflexão sobre o cenário atual da agricultura e o que queremos para o setor

    Olá, seja muito bem-vindo à edição de março de 2024 do ParInforme, o informativo oficial da PariPassu! Esta é uma edição especial e, além de acompanhar os principais dados de qualidade e clima de fevereiro, você também vai conferir textos exclusivos sobre o mercado de alimentos!

    Saiba que essa é uma edição especial, a edição Lado a Lado, que será lançada a cada 3 meses e irá abordar uma quantidade maior de textos e conteúdos únicos sobre aspectos importantes da cadeia de alimentos, com o intuito de levar mais informação para você! Fique atento, a próxima edição especial será lançada em Junho! 📰

    Além das edições especiais, as edições tradicionais do ParInforme continuarão sendo criadas e publicadas mensalmente para que você fique por dentro da qualidade das frutas, legumes e verduras (FLVs), os principais destaques do clima e como eles impactam nas produções agrícolas.

   

Seja bem-vindo e boa leitura! 📰🍎

Confira neste ParInforme:

 

Qualidade em Fevereiro

 

Introdução

    Para saber como estava a qualidade dos FLVs em fevereiro de 2024, nós analisamos 25.089.039kg de produtos comercializados no mês. Deste total, 85,8% dos produtos foram recebidos pelos supermercados, 8,3% foram recebidos em restrição e 5,9% foram devolvidos, conforme as imagens abaixo:

 

 

    Para acompanhar mais de perto a qualidade, você verá a seguir algumas  informações sobre as movimentações do mercado em fevereiro, incluindo a comparativa de dados de alguns varejos! 📈🍉

Observação: Para manter a privacidade dos nossos parceiros, os varejos apresentados aqui foram escolhidos de maneira aleatória e variada, de forma que um mesmo varejo não apareça mais de uma vez por edição. Ou seja, os varejos que são apresentados em um gráfico não são os mesmos que aparecerão no gráfico seguinte e assim por diante.

 

Evolução no Status de Qualidade

    Quando olhamos o recebimento de frutas, legumes e verduras (FLVs) aos varejos em fevereiro de 2024, observamos uma pequena mudança em relação ao mês anterior (janeiro). Nesse sentido, 86% dos produtos entregues aos supermercados pesquisados foram recebidos na sua totalidade, apresentando 1 ponto percentual a menos do que em janeiro. Já o percentual de produtos recebidos em restrição permaneceu igual ao mês anterior, sendo de 8% em ambos os meses. Sobre os produtos que foram devolvidos, o percentual aumentou em fevereiro, atingindo 6% da totalidade dos produtos.

Confira as informações completas no gráfico abaixo:

 

Acompanhamento das Devoluções

    Quando olhamos mais de perto os percentuais de devolução de alguns varejos, podemos ver que alguns supermercados tiveram uma variação significativa de janeiro para fevereiro, enquanto outros permaneceram com percentuais semelhantes ao do mês anterior. Nesse sentido, podemos ver que 3 varejos tiveram uma queda no percentual de devolução (varejos 1, 3 e 5), 2 varejos tiveram um aumento neste mesmo percentual (varejos 4 e 6) e apenas um varejo permaneceu com o mesmo percentual de devoluções do mês anterior (o varejo 7).

    Ainda, o varejo 5 foi o que apresentou a maior diminuição no percentual de diminuições, tratando-se de 2 pontos percentuais, enquanto o varejo 4 apresentou o maior aumento de devoluções em relação ao mês anterior, sendo este de 4 pontos percentuais.

 Confira no gráfico abaixo a comparação deste dado nos últimos seis meses:

 

Lista de produtos devolvidos

    Quando voltamos o nosso olhar para os produtos, observamos que a batata foi o FLV mais devolvido em fevereiro, apresentando o percentual de 26% de devolução, 17 pontos percentuais a mais do que em janeiro.

    Outro produto que se destaca é a laranja, com 19% de devolução, apresentando um aumento de 6 pontos percentuais em relação ao mês anterior.

    Nesse sentido, 6 dos 16 produtos pesquisados apresentaram um aumento no índice de devolução em relação à janeiro, enquanto que 7 produtos apresentaram uma diminuição neste percentual e 3 produtos permaneceram iguais ao mês anterior. Ainda podemos destacar o morango e o chuchu, que apresentaram reduções muito significativas na sua devolução, tratando-se, respectivamente, de 20 e 16 pontos percentuais a menos do que em janeiro.

 Acompanhe os demais produtos no gráfico abaixo:

 

    Olhando mais de perto para a devolução da batata e procurando compreender o aumento significativo de janeiro para fevereiro, podemos constatar que a podridão foi a principal causa de devolução neste mês, seguido por defeitos leves e graves

    Quanto à podridão, os fungos são os principais agentes causadores desse problema. Também sabemos que esses mesmos fungos, bem como bactérias, tendem a crescer mais intensamente no verão, devido às boas condições de temperatura e umidade. O armazenamento inadequado das batatas durante essa estação, especialmente em locais onde as temperaturas são elevadas e a umidade relativa é alta, pode aumentar significativamente o risco de desenvolvimento desse tipo de deterioração. Confira alguns exemplos de podridão em batatas:

podridão

 

   Já no que se refere aos defeitos leves e graves, como esfoliações superficiais e danos mecânicos, por exemplo, eles normalmente surgem durante o transporte ou os procedimentos pós-colheita, tais como a lavagem e separação. Embora os defeitos leves não comprometam a qualidade interna do produto, a sua aparência visual muitas vezes não é atrativa, levando o consumidor a optar por não adquiri-lo, dando preferência para produtos que não apresentem esses danos. Confira alguns exemplos de defeitos leves e graves em batatas:

danos leves

 

Meteorologia

O clima em fevereiro

    Fevereiro foi marcado por temperaturas elevadas em grande parte do país, ainda refletindo a ação do El Niño somado às mudanças climáticas. Nesse sentido,  segundo o INMET, uma onda de calor foi registrada entre os dias 7 e 12 desse mês, atingindo principalmente os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, de forma que a temperatura máxima nesses estados permaneceu entre 35ºC e 40ºC durante esse período. Esta foi a primeira onda de calor do ano e foi mais amena do que as ondas registradas em 2023.

    Já sobre a pluviosidade em fevereiro, grande parte do território nacional registrou chuvas acima de 150mm, com destaque para os estados do Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Amazonas, Minhas Gerais e Bahia, que registraram chuvas acumuladas acima da média histórica. Ainda de acordo com o INMET, o mês foi marcado por ocorrências de alagamentos, deslizamentos e impactos no setor agro, decorrente do volume de chuvas registradas. Confira a seguir um pouco mais sobre a pluviosidade no mês, de acordo com o Boletim Agroclimatológico do INMET:

  • Região Norte: Volumes de chuva acima de 150mm foram registrados em grande parte da região, ultrapassando ainda os 300mm no sudoeste do Amazonas e nordeste do Pará e Acre. Dessa forma, os níveis de umidade no solo ficaram elevados em boa parte do território, com exceção de Roraima, cujo nível de água no solo ainda é baixo devido à falta de chuva nos últimos meses.
  • Região Nordeste: A porção leste registrou chuvas abaixo de 100mm, de forma que a umidade no solo permanece baixa. Contudo, algumas áreas do Maranhão, Piauí e Ceará registraram mais de 300mm de chuvas, com destaque para o município de Lábrea (AM), onde choveu 574,2mm.
  • Região Centro-Oeste: as áreas do centro ao norte da região registraram volumes mais elevados de chuva, principalmente no norte do Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal, onde o volume de chuvas ultrapassou 250mm, com destaque para o município de Sorriso (MT), que registrou o volume de 499,6mm. Apesar de as demais áreas registrarem volumes menores de chuva, a umidade do solo permaneceu favorável para o desenvolvimento dos cultivos de primeira e segunda safras.
  • Região Sudeste: foram registrados volumes de chuva superiores a 150mm em quase todo o território, com exceção apenas de algumas áreas de São Paulo e Rio de Janeiro, que registraram volumes menores. O estado de Minas Gerais se destaca nesse sentido, uma vez que registrou volumes acima de 300mm em fevereiro. As chuvas foram suficientes para aumentar a quantidade de água no solo, mantendo as condições favoráveis para os cultivos de primeira safra em quase toda a região.
  • Região Sul: também registrou volumes de chuva superiores a 150mm no norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e centro-sul do Paraná, de forma que o município de Ituporanga (SC) registrou 337,6mm. A exceção ficou por conta da área centro-sul e nordeste do Rio Grande do Sul, onde o volume pluviométrico não ultrapassou 70mm. De uma forma geral, a umidade do solo permaneceu elevada em grande parte da região, criando uma condição favorável para o desenvolvimento dos cultivos de primeira e segunda safra.

Confira na imagem a seguir a precipitação acumulada (mm) em fevereiro de 2024.

Fonte: INMET

Lê-se na imagem: a imagem retrata o mapa do Brasil, indicando a quantidade de chuva acumulada no mês de fevereiro. Quanto mais escuro o tom de azul, maior a quantidade de chuva registrada na região. Quanto mais claro o tom de laranja, menor a quantidade de chuva registrada na região. Os tons verdes se encontram entre os azuis e os laranjas, ou seja, se referem a uma quantidade intermediária de chuva, menor que os tons azuis e maior que os tons laranjas.

O que esperar de março

        Dia 20 de março nós entraremos oficialmente no Outono, estação intermediária entre o verão quente e úmido e inverno frio e seco. Apesar de a mudança de estação refletir na temperatura e chuva, ela atua de formas diferentes em cada região brasileira e sentiremos os seus impactos ao longo dos próximos meses. 

        Agora, olhando mais especificamente para março, ainda de acordo com o Boletim Agroclimatológico, o mês seguirá com temperaturas acima da média climatológica, sentindo ainda os efeitos do El Niño neste quesito. Confira a seguir o prognóstico por região:

    • Região Sul: A tendência é que se registrem chuvas acima da média climatológica nos três estados. As temperaturas também permanecerão acima da média histórica, devendo se tornar mais amenas no leste de Santa Catarina e centro-sul do Rio Grande do Sul apenas em meados de abril. No que se refere à quantidade de água no solo, a tendência é que haja uma elevação na umidade do solo, o que vai favorecer os cultivos de primeira safra e semeadura de segunda safra.
    • Região Sudeste: A previsão indica chuvas próximas e acima da média em grande parte do território, com temperaturas também acima da média histórica. A umidade no solo deverá permanecer elevada no leste de São Paulo e sul de Minas Gerais, mas será mais baixa nas demais áreas.
    • Região Centro-Oeste: A tendência é que se registrem chuvas próximas ou abaixo da média em grande parte do território, mas ainda serão frequentes no mês de março. As temperaturas, por sua vez, irão permanecer acima da média histórica, com possibilidade de ocorrência de alguns dias de extremo calor (mais prováveis de ocorrer em abril). A quantidade de água no solo irá permanecer elevada nos estados do Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.
    • Região Nordeste:  A previsão indica chuvas próximas ou abaixo da média, principalmente nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará. Já no estado da Bahia, poderão ocorrer chuvas acima da média. A temperatura também deverá permanecer acima da média histórica, assim como as demais regiões apresentadas. Já a quantidade de água no solo irá permanecer baixa em grande parte da região.
    • Região Norte: Possivelmente irá registrar chuvas próximas ou abaixo da média no Amapá, leste do Amazonas, Pará e Tocantins e chuvas próximas ou acima da média no Acre, sudoeste do Amazonas e Roraima. As temperaturas permanecerão acima da média climatológica em toda a região. Apesar de haver uma tendência à redução no armazenamento de água no solo na região amazônica, a umidade do solo tende a se recuperar nas demais regiões.


      Confira na imagem a seguir, a temperatura média prevista para o mês de março.

    Fonte: INMET

    Lê-se na imagem: a imagem mostra o mapa do Brasil, com a temperatura média prevista para o mês de março. Quanto mais escuro o tom de laranja, maior será a temperatura média e quanto mais escuro o tom de verde, menor será a temperatura média.


    Confira na imagem a seguir, a quantidade total de chuva prevista para o mês de março.

    Fonte: INMET

    Lê-se na imagem: a imagem mostra o mapa do Brasil, com a precipitação total prevista para o mês de março. Quanto mais escuro o tom de verde, maior será a precipitação total e quanto mais escuro o tom de laranja, menor será a precipitação total.

     

    Quer conferir o Boletim Agroclimatológico do INMET na íntegra? Clique aqui para acessá-lo!

     

    Sazonalidade

        Dia 20 de março de 2024 iniciará o outono, trazendo a tona um assunto muito importante para todos que atuam no mercado de FLVs: a Sazonalidade.

        A sazonalidade se refere à variação cíclica na disponibilidade e na oferta de frutas, legumes e verduras ao longo do ano. Isso ocorre devido aos fatores naturais como clima e estação do ano, bem como o ciclo de vida das plantas, já que cada espécie se desenvolve naturalmente sob condições específicas de temperatura e umidade, por exemplo. Consumir produtos que estão em período de safra traz benefícios à nossa saúde, pois eles possuem uma melhor qualidade nutricional, além disso, por estarem disponíveis em abundância no mercado, o preço se torna mais em conta para o consumidor

    Confira abaixo as frutas, legumes e verduras que estarão na safra durante o outono:

    Imagem Frutas Parinforme Mar

    Essa variação sazonal pode ter impactos significativos na qualidade dos produtos e no mercado em geral.

     

    Impacto  na qualidade

    1 - Fatores Climáticos: As condições climáticas afetam diretamente o crescimento e desenvolvimento das plantas. Por exemplo, temperaturas extremas, umidade e luz solar influenciam o ritmo de crescimento, maturação e qualidade dos produtos. As plantas que foram afetadas no desenvolvimento vão gerar produtos mais suscetíveis a pragas e doenças, além de produzirem produtos com menor qualidade. 

    2 - Tempo de Colheita: Frutas, legumes e verduras colhidos fora de temporada podem ser cultivados em condições artificiais ou em climas inadequados, resultando em produtos de menor qualidade. O tempo adequado de colheita é crucial para garantir o sabor, textura e valor nutricional ideais.

    3 - Transporte e Armazenamento: Produtos fora de temporada podem precisar ser transportados de regiões distantes ou armazenados por períodos prolongados, o que pode afetar negativamente sua qualidade.

     

    Impacto no mercado:

    1 - Oferta e Demanda: A sazonalidade influencia a oferta e demanda de produtos agrícolas. Durante a temporada de pico, quando a oferta é alta, os preços tendem a ser mais baixos. Por outro lado, fora da temporada, quando a oferta é escassa, os preços podem subir.

    2 - Importância da Produção Local: A sazonalidade incentiva a produção e o consumo de alimentos locais e sazonais, promovendo a agricultura sustentável e reduzindo a dependência de importações de alimentos fora de temporada.

    3 - Diversidade de Produtos: A sazonalidade pode promover a diversidade na dieta, incentivando as pessoas a consumirem uma variedade de frutas, legumes e verduras ao longo do ano, de acordo com sua disponibilidade sazonal.

    4 - Impacto Econômico: Para os agricultores, entender e adaptar-se à sazonalidade é crucial para o planejamento agrícola e financeiro. Cultivar produtos fora de temporada pode ser mais caro devido ao uso de técnicas de cultivo adicionais e à necessidade de fornecer condições ambientais adequadas.

     

        Vale destacar que os produtos que podem ser cultivados em estufa, os quais são, em sua maioria, folhosas, flores, tomate, pimentão, pepino e morango, podem ser comercializados durante todo o ano, uma vez que não dependem das condições naturais para serem produzidos. Isso porque as estufas proporcionam um ambiente protegido e mais controlado do que céu aberto, com condições que permitem o desenvolvimento das plantas com menos estresse, de forma que as temperaturas, luminosidade e umidade controladas e a incidência de pragas e doenças é minimizada.

        As condições climáticas da estação afetam o desenvolvimento das plantas,  dos seus organismos nocivos, como pragas e doenças, além disso, elas interferem também na eficácia do manejo aplicado para o controle dos mesmos. Por isso, é tão importante acompanhar as suas mudanças ao longo do ano. Alguns cuidados gerais como uso de sementes e mudas sadias, plantio em local e período favorável para a cultura, adubação e irrigação adequada, retirada de restos culturais e uso de produtos químicos recomendados, permite com que a planta tenha melhores condições de desenvolvimento, estando dessa forma menos suscetível ao ataque de pragas e doenças. 

        Em resumo, a sazonalidade exerce uma influência considerável na qualidade dos produtos agrícolas, na disponibilidade de alimentos e nos hábitos de consumo. É crucial que os agentes em todos os estágios da cadeia agroalimentar, bem como os consumidores, estejam cientes das variações sazonais. Isso não apenas permite ajustar os padrões de qualidade de acordo com cada época do ano, mas também contribui para a promoção da sustentabilidade no sistema alimentar.

    Você gostaria de ter acesso ao calendário de sazonalidade com todos os produtos da estação mês a mês?
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    Do campo à mesa: cuidados pós-colheita

    Importância e impacto

        Os manejos pós-colheitas são fatores críticos na qualidade dos produtos durante todos os elos da cadeia até a chegada ao consumidor final. A falta de padronização dos produtos, perdas pelo acondicionamento, armazenamento e transporte inapropriados, causam danos e diminuição da qualidade do produto e consequentemente o descarte do mesmo. Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) e da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) mostram que o Brasil está entre os dez que mais desperdiçam alimentos no mundo. Números mostram que mais de R$ 1,3 bilhão em frutas, legumes e verduras vão para o lixo anualmente nos supermercados brasileiros. Dentre os principais fatores atribuídos à qualidade estão aqueles relacionados aos aspectos sensoriais, aparência, textura, sabor e aroma. Para que se tenha resultados eficientes a constatação dos principais gargalos na garantia da qualidade dos produtos é imprescindível. 

    Produtor

        Os cuidados devem ter início ainda no primeiro elo da nossa cadeia: o Produtor. No cultivo, as práticas de manejo empregadas, a escolhas de sementes sadias, clima e umidade devem ser levados em consideração. Durante a colheita é crucial realizar o manuseio adequado, utilizando ferramentas e técnicas apropriadas, para evitar danos físicos que possam acelerar o processo de deterioração à medida que os frutos amadurecem. 

        Além disso, as condições de armazenamento das frutas, legumes e verduras (FLV), devem respeitar as necessidades fisiológicas de cada cultura, isso é, os processos biológicos e metabólicos que ocorrem nas plantas durante seu ciclo de desenvolvimento, uma dessas necessidades é a temperatura. Para culturas tropicais e subtropicais, é necessário manter uma faixa de temperatura ideal. Geralmente, essa faixa de temperatura varia de acordo com o tipo de produto, mas para muitos produtos tropicais e subtropicais, uma temperatura entre 10°C e 15°C é recomendada

        Dessa forma, instalações refrigeradas ou ambientes com controle de temperatura são essenciais nessa etapa do processo. Para produtos que não requerem uma temperatura de armazenamento muito baixa, pode ser benéfico utilizar uma antecâmara. A antecâmara atua como zona de transição permitindo que os produtos se ajustem gradualmente às condições ideais de armazenamento, evitando choques térmicos que podem afetar sua qualidade. Além disso, temperaturas mais baixas também têm um efeito inibidor na atividade fúngica, ajudando a reduzir a incidência de doenças pós-colheita e mantendo a integridade dos frutos por mais tempo. Isso, aliado a escolha de embalagens adequadas que desempenham um papel fundamental na proteção contra danos físicos. 

        Antes de serem encaminhadas ao segundo e ao terceiro elo da cadeia, os distribuidores e varejistas, os FLV devem passar por um processo de classificação e inspeção minuciosa para identificar e remover quaisquer produtos danificados, maduros demais ou com sinais de doenças. Essa etapa é importante e visa diminuir a presença de patógenos e o risco de contaminação cruzada com produtos saudáveis que aceleram o processo de deterioração dos produtos, reduzindo significativamente sua vida útil. Além de assegurar que os produtos se adequem a expectativa de qualidade do consumidor. 

    Transporte

        O transporte, quando possível, deve ser feito com uso da refrigeração com controle de temperatura e umidade relativa, fatores que afetam diretamente a respiração e transpiração das frutas e legumes. A paletização deve ser feita da forma adequada para evitar tombamentos e danos nos produtos. O empilhamento também deve ser realizado de forma a evitar que produtos mais pesados e resistentes prejudiquem produtos mais sensíveis dispostos nas áreas inferiores. Outro ponto no transporte é a compatibilidade entre os produtos e também o uso de bombas e ventiladores para que haja dispersão do etileno.   Confira as imagens de exemplos de transportes que podem contribuir com a perda de qualidade dos FLVs (1) e que podem contribuir com a manutenção da qualidade dos produtos (2).               
    (1)Imagem10       (2)WhatsApp Image 2024-03-13 at 09.58.16-1

    Pontos de venda

        Com a chegada do produto nos pontos de venda, o uso de cadeia de frio segue sendo imprescindível para retardar o amadurecimento. Os maiores volumes de perdas ocorrem nesta etapa devido a falta de conhecimento dos cuidados e dos manuseios para evitar danos durante o armazenamento e exposição nas gôndolas. A informação e conscientização dos consumidores visando evitar o excesso de manuseio dos produtos garante a chegada às residências com frescor. Confira na imagem abaixo um exemplo e exposição de FLVs que ajuda a manter a qualidade dos produtos:

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        A qualidade dos produtos frescos é uma responsabilidade compartilhada por toda a cadeia produtiva. Através de boas práticas em cada etapa, desde o cultivo até o consumo, podemos garantir que os alimentos que chegam à mesa do consumidor final sejam frescos, nutritivos e saborosos.

     

    Qual o tipo de agricultura desejamos?

    Por Giampaolo Buso

        No final de 2023, como de costume, procurei visitar e escutar diferentes agentes da cadeia de produção de alimentos frescos, não com a intenção de levantar predições econômicas, mas de perceber ou capturar sinais de qual o sentimento, qual a sensibilidade da alma para o que está por vir

        O ser humano, até onde se tem conhecimento, é o único ser vivo do planeta que tem a capacidade de projetar, imaginar o que pode ser ou que desejaria que fosse o futuro, seja qual for o espaço de tempo à frente.

        Neste exercício de escuta atenta, os elementos que foram compartilhados são convergentes e parece existir um desejo comum de colocar a casa, o Brasil e o planeta no rumo certo. Especificamente, três perguntas foram muito marcantes:

    1) Qual o tipo de agricultura desejamos para nosso país?

    2) Como queremos ser percebidos, dentro e fora do nosso país?

    3) E como trazemos paz para as relações? 

        Intrigante, pois, mesmo o setor tendo a relevante contribuição para a economia nacional, parece que estamos caminhando para uma reflexão sobre o que de fato tem sentido na relação, natureza, campo, cidade, pessoas

        Concomitante com as perguntas acima, nas últimas semanas também li artigos interessantes e perturbadores, publicados no jornal o Estado de São Paulo. O primeiro deles, intitulado “Um Novo Índice para Educação” (07/Jan/2024), apresenta um método construído com o apoio do Instituto Natura e o pesquisador Reynaldo Fernandes, que “mostra quantos estudantes de uma determinada geração chegam ao fim do ensino médio com um nível aceitável de qualidade na educação”. Sem adentrar nos detalhes do método, o resultado, utilizando dados de 2002 a 2019, apontou que somente 19% destes jovens foram considerados incluídos educacionalmente. Crítico.

        Em outro conteúdo, o escritor Jorge Caldeira, membro da Academia Brasileira de Letras, comenta que os “olhares do mundo vão se fixar no Brasil em 2025” (COP do Brasil: nação de estroinas ou competente, 12/Jan/2024) e, seremos julgados queiramos ou não, pelo nosso ativo ambiental. E como o autor sugere, “há uma oportunidade secular para melhorar”. Em 2023 tivemos a COP realizada em Dubai, terra do combustível fóssil. Em síntese, o Brasil, sem nenhuma ajuda externa, do nosso jeito e com propriedade intelectual nacional, buscou e entregou duas matrizes energéticas limpas e renováveis, as quais ainda nem eram reconhecidas desta forma no período em que foram concebidas: usina hidroelétrica e etanol.

        Adiciono um terceiro material para compor o raciocínio deste texto, por conta da relevância, e também por ser um evento que ocorreu muito recentemente: Encontro Anual do Fórum Econômico Mundial (https://www.weforum.org/events/world-economic-forum-annual-meeting-2024/). O jornalista Jorge J. Okubaro, escreve o artigo intitulado “Os Riscos que Rondam o Mundo” (16/Jan/2024). Ele menciona que “questões econômicas, que tanto importunaram as sociedades e incomodaram as mentes de governantes, executivos e estudiosos, estão desaparecendo do foco das pessoas que pensam no futuro”. Não deixam de ser relevantes, mas perdem a prioridade e vem à tona, nesta ordem de relevância: clima extremo, informações incorretas e desinformação, polarização social e política, crise do custo de vida, ataques cibernéticos.

        Para compor a convergência dos temas, no livro “Agro Consciente: a revolução criativa tropical”, do nosso querido professor Tejon, e os pesquisadores Victor Megido, Marco Zanini e Sonia Chapman, no prefácio, escrito nada menos que Roberto Rodrigues, Presidente da Academia Brasileira de Ciências Agronômicas e Ex Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o título é: “Agro é paz”.

        Retorno às perguntas iniciais deste conteúdo: 1) Qual o tipo de agricultura que desejamos para nosso país? 2) Como queremos ser percebidos, dentro e fora do nosso país? 3) E como trazemos paz para as relações? 

        Produzir em escala e no padrão desejado pelo cidadão urbano não é uma tarefa trivial. Para responder a perguntar 1 (Qual o tipo de agricultura que desejamos para nosso país?), precisamos nivelar as expectativas, utilizando o diálogo coordenado entre campo e cidade e, para isto, educação é o eixo capaz de permitir esta conexão desvinculada de premissas e preconceitos. Todos somos gente, que precisa se alimentar e precisa manter o lugar que vivemos. Temos que defender o que faz sentido para o conjunto todo, pois no final do dia somos um organismo vivo interdependente. 

        A resposta a pergunta 2 (Como queremos ser percebidos, dentro e fora do nosso país?) praticamente é consequência do movimento e ação do alinhamento das expectativas. Quando avançamos para um diálogo construtivo, a percepção das pessoas é positiva, otimista e apoiadora. O resultado desta construção é um sentimento de paz, pois é realizado de forma inclusiva, participativa e que contempla a diversidade de ideias e intenções. 

        A proposição teórica é simples. A aplicação prática é desafiadora. No entanto, para finalizar com exemplos aplicados, temos bons resultados de trabalhos desenvolvidos no país. Programa PARA da ANVISA, Grupo de Trabalho Minor Crops e Programa RAMA da ABRAS. Resultados reais, positivos e que apoiaram em 2023 uma melhoria da qualidade dos alimentos para o cidadão brasileiro. Seguimos na transformação.

     


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